‘Emilia Pérez’ derrota ‘Ainda Estou Aqui’ e ganha o Bafta de melhor filme em língua não inglesa

Filme franco-belga superou o longa do brasileiro Walter Salles a duas semanas do Oscar

Karla Sofía Gascón, protagonista de 'Emilia Perez'. Foto: Divulgação

Porto Velho, RO - O filme franco-belga “Emilia Pérez” ganhou, neste domingo 16, a estatueta de melhor filme em língua não inglesa dos Prêmios Bafta da Academia Britânica de Cinematografia, desbancando “Ainda estou aqui”, a duas semanas do Oscar.

“Emilia Pérez”, dirigido por Jacques Audiard, um filme que conta a história de um narcotraficante mexicano que se submete a uma cirurgia de redesignação de gênero, superou o longa do brasileiro Walter Salles, ambientado na época da ditadura militar (1964-1985).

O diretor francês Jacques Audiard recebeu o prêmio, dizendo-se “emocionado” e acrescentando que o prêmio “era para todos os que trabalharam incansavelmente neste filme”.

Audiard prestou homenagem aos outros filmes indicados na categoria, como o irlandês “Kneecap” e o brasileiro “Ainda Estou Aqui”.

O diretor francês assinalou que gostaria de “agradecer aos talentos maravilhosos” que participam do filme, citando sua “querida Zoe” Saldaña e Selena Gómez.

Ele também mencionou a atriz espanhola Karla Sofía Gascón, chamando-a de “querida”. Ela não esteve presente na cerimônia, devido à polêmica por tuítes xenofóbicos que escreveu no passado.

Momentos depois da premiação do longa, Zoe Saldaña, de 46 anos, foi contemplada com o BAFTA de melhor atriz coadjuvante.

“Virou um personagem especial para mim”, disse Saldaña, acrescentando que o fato de o filme ter sido rodado em espanhol, sua língua materna, lhe permitiu “me conectar com minha cultura, com minha arte. Foi significativo para mim”, disse a atriz, de origem dominicana.

Os dois outros indicados para o prêmio de melhor filme de língua não inglesa eram o indiano “All we imagine as light” e o iraniano “The seed of the sacred fig”.


Já o ator americano Adrien Brody ficou com o prêmio de melhor ator do BAFTA por seu trabalho em “O Brutalista”, que conta a história de um arquiteto que sobreviveu ao Holocausto e busca alcançar o sonho americano.

O prêmio de melhor atriz ficou com a também americana Mikey Madison pelo papel de uma ‘stripper’ em “Anora”.

“Ainda estou aqui” fica sem o BAFTA

“Ainda estou aqui”, que já foi contemplado com o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Veneza e o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres, além da recompensa de melhor filme ibero-americano no Goya espanhol, há uma semana, saiu de mãos vazias no BAFTA.

O filme conta a história de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), viúva do deputado cassado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, e dos cinco filhos do casal. Sequestrado por agentes do Estado em 1971, Rubens Paiva foi morto no cárcere, mas seu corpo nunca apareceu.

O Brasil nunca julgou os crimes da ditadura que, segundo números oficiais deixou 202 mortos, 232 desaparecidos e milhares de vítimas de torturas e prisões ilegais.

A lei de anistia, aprovada em 1979 pelo regime militar, impediu a punição dos culpados, embora a Comissão Nacional da Verdade tenha elucidado em 2012 que o Estado foi responsável.

O filme concorre ao Oscar, em 2 de março, em três categorias: melhor filme (sendo a primeira produção brasileira com esta indicação), melhor filme internacional e melhor atriz para Fernanda Torres.

Fonte: Carta Capital

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